A dona de casa conta que vive com a ajuda de Aluguel Social, oferecido pela prefeitura da cidade, que abriga ela e os seis filhos. Tímida e com o vocabulário restrito, Júlia relembra a vida que tinha ao lado do pai. “Eu engravidei oito vezes, mas os dois mais velhos morreram. Eu não sabia que era errado, não entendia nada disso. Só percebi que tinha algum problema quando meus filhos começaram a ter deficiência, sabia que eles não eram normais”, conta.
Das seis crianças, a que apresenta o estado mais crítico é o filho de 6 anos. Ele não anda devido à uma deficiência motora e também apresenta uma espécie de descamação na pele. Outra filha, uma garotinha de 11 anos, também apresenta dificuldades de relacionamento.
“Têm dias que a minha filha passa o dia sem comer, não fala com a gente. Fica pelos cantos, acho que ela tem uma lembrança bem forte de tudo que aconteceu”. Durante a entrevista, a menina não chega a comentar nada. Após conversa com a mãe, ela confessa que não gosta de ir nem mesmo à escola por conta das muitas pessoas que têm que enfrentar. Sobre as lembranças do que viveu com seu pai/avô, ela prefere o silêncio.
A dona de casa relembra que quando vivia com o pai não tinha contato com ninguém, pois João a fazia guardar segredo sobre a vida a dois. “Eu não ia à cidade e ele pedia muito que eu não contasse para ninguém que ele era meu pai”, conta.
Ao G1, a mulher diz que tenta não conversar com os filhos sobre o que aconteceu e acredita que os meninos não sintam saudades do pai que, segundo ela, batia tanto em Júlia como nas crianças. No dia do resgate, em 2012, ela recorda nitidamente como a polícia chegou.
“A gente estava cuidando da farinha e eu estava dentro de casa porque ele tinha acabado de me bater, ele batia muito a minha cabeça na parede da casa”, alega. Ao lado dos seis filhos, Júlia não contém as lágrimas ao ver a foto do pai dentro da cadeia. À reportagem, ela diz que o choro é de raiva e mágoa de tudo o que aconteceu, mas ela repete entre lágrimas que perdoaria João.
Desde o acontecido, Júlia diz que não tem mais contato com a mãe e nem sabe se ela está viva. Segundo ela, a mulher mora em uma comunidade às margens do Rio Tarauacá.
O G1 também tentou encontrar informações sobre a mãe de Júlia, mas foi informado pela Delegacia da Mulher, que presidiu o inquérito que o endereço da mãe de Júlia está registrado como indeterminado.
As informações e fotos são do G1/AM
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